Foi assim que tudo começou. No charme e na elegância da jovem canceriana Laura Carneiro Monteiro, o penúltima de um total de treze filhos, de uma moça cuja mãe era proprietária de quase toda orla de Icaraí (Nicterói) e de um engenheiro ferroviário inglês encarregado por sua empresa de acompanhar a construção da estrada de ferro, saindo de Pernambuco até o Rio de Janeiro. Dado o enorme tempo da empreitada o casal viu nascer um rebento em cada etapa do projeto em várias estadas nos diversos estados. Coube a Laura nascer em Muriaé (Estado do Rio). Quando finalmente chegaram , pouco tempo depois, William faleceu. Como a filha mais velha Violeta, havia casado com um rico negociante, Laura como era costume naquela época foi morar com êles, pois a família passava necessidade, pois as duas irmãs de sua mãe, aproveitando a ausência da irmã haviam surrupiado todos os bens à disposição. Laura então com recursos foi estudar no Sacre-Couer de Marie. De repente viu-se novamente em dificuldade com o falecimentode seu cunhado, fato que a fêz aceitar o pedido de casamento de um árabe rico de Nicterói. Tinha desesseis anos .Teve um casal de filhos, quando (talvez por seu jeito brejeiro) era constantemente espancada por seu marido ciumento e animalesco. Sem nenhuma lei que pudesse lhe proteger, fugiu, deixando tudo para trás , inclusive o menino e a menina que veio a falecer pouco tempo depois. Falando bem tanto francês quanto inglês empregou-se numa loja de artigos importados na famosa Rua do Ouvidor, bem próxima a Confeitaria Colombo, onde se reunia a fina flôr da sociedade na capital da República, entre os quais se destacava aquele que seria, no futuro, meu pai.
* * *