sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Nina & Tom Jobim

nina & tom jobim

No interior da boca, frondosa jabuticabeira
nascida de hálitos perfumados e umedecidos
dizendo mágicas palavras se fazendo ouvir eternas
próximas aos murmúrios das águas de um rio
cascalhando sobre as pedras
transformam-se em beijos apaixonados,
envolvidos pelo som da guitarra do Joe Pass
canções plenas de sensibilidade, curtidas iguais
ao piano daquele jovem músico, no bar Tudo Azul,
um paraíso escondido numa esquina de Copacabana
atrás do cinema Rian.

Assim passei a percebê-la em detalhes

Quase, por pouco, implodindo de felicidade
Na primavera, no inverno, no verão
No último canto da cigarra
No passado, no presente
Quando pisando suavemente nas folhas de Outono
Espalhadas no chão de terra da Praça N.S.da Paz,
Saí à sua procura pela primeira vez
E, ao encontrá-la, profundamente compreendi a inspiração
Da nuvem passageira
Das gaivotas estáticas no ar anunciando chuva
Do vôo da abelha
Descobrindo e sugando a flor tão desejada
O mistério da toca da lontra
A lentidão do Leão, consciente de sua majestade
O sonho e a garra guerreira do carneiro
Vagando pelas montanhas solitário
Em busca de aventuras
A discreta timidez do caracol
Filosofando no interior da sua casa.

Ó gostaria de trocar cada jabuticaba

por segundos de amar
envolvendo em papel de presente
os anos dourados no Rio de Janeiro
cidade poesia do século passado
onde o amanhecer esperava o entardecer
quando a luz do sol lentamente se escondia
feliz por tantas coisas que haviam acontecido
à respeito dos fatos do coração, que ainda iriam
de maneira surpreendente e passional surpreender
a razão.
Mas, o baiano Dorival cantava “... não teve querida...as coisas boas da vida "
Desculpe, besame mucho.
Bonito igual ao som de um sax-tenor eram os bailes
das debutantes no Hotel Glória.
E lá no décimo segundo andar naquele bar do Hotel
Miramar (lá em baixo a orla inteira da praia de
Copacabana, vestia um colar de pérolas de luzes)
meu amigo Tom Jobim se inspirava para compor
"Corcovado", observando o Cristo Redentor, perto
das nuvens e o sorriso de sua companheira de
ocasião, linda, a seu lado.
Mulher meiga, minha estrela, meu chão de poeira,
onde planto esta jabuticabeira. Na máquina do tempo,
bom dia, boa tarde, boa noite, adeus.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

POESIA

Pelas Galáxias



Conchas espalhadas nas areias
Fios dentais, ilhas imortais
Gaivotas salientes
E seus tornozelos lambidos pelas ondas


O mar transformando-se em oceano
Desenhando ansias de desejos
Em estradas e calçadas molhadas pela chuva


Lágrimas nas vidraças
Suas pernas magestosas
Princesa...

O sudito emudece
A natureza floresce
O céu reverenciando seu delicado prazer


Que graça teria a existência
Se o tecido não fizesse mistério
Da circunferência dos seus seios?


Que sorriso perfumado de pecado
Que olhar de amor concentrado
Na sua maneira de mulher


Pois é
Aqui o pobre vassalo
Sonha em mergulhar em seus cabelos
Beijar sua nuca
Mordiscando a ponta da sua orelha


Mesmo que seja condenado
Pela justiça do reino
Certamente ao passar pelo resto da vida
Acorrentado na masmorra do seu coração
Flutuarei através das estrelas
Buscando sua imagem pelas galáxias da imaginação




José Guilherme Rios - 01/ 08/ 1996